Tem sangue de gente pelo chão. As mãos de quem estão sujas?
Todas as mãos estão sujas, as de todos nós.
Não adianta lavarmos. Nem cortar as mãos vai adiantar.
Nossas mentes também estão sujas de sangue.
Não adianta cortar nossas cabeças.
Já sujamos o chão de todas as ruas.
Tem sangue em todos os cantos e ninguém se importa.
Se importam apenas com nossas menstruações.
Vendo tanto sangue de gente derramado me questiono:
Por que se importam e sentem nojo do sangue que naturalmente sai de nós?
uma esfera
28 de dezembro de 2015
22 de dezembro de 2015
20 de outubro de 2015
12 de outubro de 2015
Mulher no terceiro milênio
Ter uma vagina é
ter um poder,
isso não é
poder tudo.
Um útero oco
não nos serve de nada.
Ocupemos nossas cabeças
de conhecimento,
em tempos de opressão
nos servirá mais
o empoderamento.
13 de maio de 2015
Do lado oposto
As pessoas são para o que nascem
não para o que as tornam.
Não nasci mulher
o sexo que tenho nunca foi meu
o gênero que me induziram
anda rasgando suas roupas
e se perdendo pelas ruas.
Hoje eu sou mulher.
Continuo em discordância
com o meu biológico
(em paz com o meu neurológico).
Estou nutrida de minhas potencialidades
encorajada por minhas vontades
oprimida pela negação de direitos.
Acordo vomitando desrespeitos
que todas as noites me fazem engolir.
Não se desfaças de mim, sociedade
ainda que queiras
não és a dona das verdades.
Encare as diferenças com igualdade
e nunca esqueças de mim.
não para o que as tornam.
Não nasci mulher
o sexo que tenho nunca foi meu
o gênero que me induziram
anda rasgando suas roupas
e se perdendo pelas ruas.
Hoje eu sou mulher.
Continuo em discordância
com o meu biológico
(em paz com o meu neurológico).
Estou nutrida de minhas potencialidades
encorajada por minhas vontades
oprimida pela negação de direitos.
Acordo vomitando desrespeitos
que todas as noites me fazem engolir.
Não se desfaças de mim, sociedade
ainda que queiras
não és a dona das verdades.
Encare as diferenças com igualdade
e nunca esqueças de mim.
10 de março de 2015
Sobre o dia internacional da mulher
A cor não é rosa
não é vermelha
não é lilás
não é preta.
Não há cor que represente
a dor de uma mulher.
8 de março de 2015
Parir
Ela pariu no chão
sentiu a dor do ventre aberto
viu sair de si um corpo feito
uma criatura por se fazer
sentiu seu sangue derramar vida
e acolheu nos braços
o pedaço seu.
sentiu a dor do ventre aberto
viu sair de si um corpo feito
uma criatura por se fazer
sentiu seu sangue derramar vida
e acolheu nos braços
o pedaço seu.
9 de fevereiro de 2015
Fevereiro
o ser que transborda em mim
faz mar em teus olhos
rompe as veias de teus braços
transcende o tato e o tesão,
corrompe o teu sorriso
que se abestalha.
o ser que transborda em mim
engrandece teu corpo de desejo
desmistifica teus pensamentos
presos, reclusos
confusos com tanto estremecer.
o ser que transborda em mim
faz de teu fevereiro
um janeiro de 32 dias
em algum lugar do litoral da Bahia
ouvindo Gal, a todo vapor.
faz mar em teus olhos
rompe as veias de teus braços
transcende o tato e o tesão,
corrompe o teu sorriso
que se abestalha.
o ser que transborda em mim
engrandece teu corpo de desejo
desmistifica teus pensamentos
presos, reclusos
confusos com tanto estremecer.
o ser que transborda em mim
faz de teu fevereiro
um janeiro de 32 dias
em algum lugar do litoral da Bahia
ouvindo Gal, a todo vapor.
5 de janeiro de 2015
8 de dezembro de 2014
O velho
O velho sentava
na porta da casa
que dava pra rua
quase que sem carros,
ali passavam pássaros
que pousavam sobre os fios
embelezando a deformação
que a urbanização causara
na paisagem.
O velho observava
o mato que nascia
entre o concreto dos muros
e pensava que ali
ele via sua vida:
a resistência e a habilidade
necessárias para sobreviver.
O velho via a sabedoria
no mato
que aproveitava a fraqueza
do concreto
exposta nas rachaduras
pra despontar sua vida
e beleza,
ele sentia que pertencia
sabedoria semelhante
e seu semblante
não negava isto.
O velho ficava ali
na porta da casa
resgatando sua vida
nas imagens simples
que seus olhos filmavam
naquela rua,
se colocava no meio do portão
e sentia que seus olhos
abraçavam o que estava
a sua frente.
Da porta da casa
o velho tinha a impressão
que possuía
visão panorâmica
de sua vida,
e a cada piscada de olhos
arquivava em sua memória
o filme que captara.
A memória do velho era
um cinema
em composição.
na porta da casa
que dava pra rua
quase que sem carros,
ali passavam pássaros
que pousavam sobre os fios
embelezando a deformação
que a urbanização causara
na paisagem.
O velho observava
o mato que nascia
entre o concreto dos muros
e pensava que ali
ele via sua vida:
a resistência e a habilidade
necessárias para sobreviver.
O velho via a sabedoria
no mato
que aproveitava a fraqueza
do concreto
exposta nas rachaduras
pra despontar sua vida
e beleza,
ele sentia que pertencia
sabedoria semelhante
e seu semblante
não negava isto.
O velho ficava ali
na porta da casa
resgatando sua vida
nas imagens simples
que seus olhos filmavam
naquela rua,
se colocava no meio do portão
e sentia que seus olhos
abraçavam o que estava
a sua frente.
Da porta da casa
o velho tinha a impressão
que possuía
visão panorâmica
de sua vida,
e a cada piscada de olhos
arquivava em sua memória
o filme que captara.
A memória do velho era
um cinema
em composição.
4 de dezembro de 2014
A moça
Ansiosa e honesta
bondade no sorriso
de olhar inquieto
e pensamentos curiosos,
nervosos e imprevisíveis.
Pessoa imprevisível
de lua
e na lua cheia, é pura.
Mística, musical
amigavelmente grosseira
sinestésica, gesticulosa
imperativa e ativa,
desativada no início da tarde
quando está sonolenta
é lenta para a pressa dos dias
veloz com sua sutileza
e destreza
com suas incerteza
inquietudes
que a constituem na vida.
Quase telúrica.
bondade no sorriso
de olhar inquieto
e pensamentos curiosos,
nervosos e imprevisíveis.
Pessoa imprevisível
de lua
e na lua cheia, é pura.
Mística, musical
amigavelmente grosseira
sinestésica, gesticulosa
imperativa e ativa,
desativada no início da tarde
quando está sonolenta
é lenta para a pressa dos dias
veloz com sua sutileza
e destreza
com suas incerteza
inquietudes
que a constituem na vida.
Quase telúrica.
5 de novembro de 2014
Tio Joãozinho
Os olhos de tio Joãozinho
parecem um mar se derramando
lacrimejando dor
lacrimejando amor.
Seus olhos de mar transbordam
revelam memórias e pensamentos
faz muito tempo
que ninguém ousou navegar nesse mar.
Gotejam lágrimas de saudade
pela face envelhecida
e o sal desse mar
fecha todas as feridas.
É a maré alta dos olhos de mar de tio Joãozinho.
parecem um mar se derramando
lacrimejando dor
lacrimejando amor.
Seus olhos de mar transbordam
revelam memórias e pensamentos
faz muito tempo
que ninguém ousou navegar nesse mar.
Gotejam lágrimas de saudade
pela face envelhecida
e o sal desse mar
fecha todas as feridas.
É a maré alta dos olhos de mar de tio Joãozinho.
6 de agosto de 2014
.
regenerado o gênero
era pequeno, agora pequena
que desaparece entre as iguais
e desiguais que a negam
todas se reconhecem nesse ser
todas se percebem e se veem
como você,
mulher.
era pequeno, agora pequena
que desaparece entre as iguais
e desiguais que a negam
todas se reconhecem nesse ser
todas se percebem e se veem
como você,
mulher.
1 de agosto de 2014
definida
aqui nasce a vida
sai com o sangue o sexo feito
o gênero enganado
empurrado goela abaixo
uma hora a mulher vai surgir.
sai com o sangue o sexo feito
o gênero enganado
empurrado goela abaixo
uma hora a mulher vai surgir.
26 de julho de 2014
versos do ser
como é viver você
desvendar o ser
descobrir prazer
abrandar e desacalmar
entorpecer e se envaidecer
dizer o que
não se quer fazer
somente por não saber.
desvendar o ser
descobrir prazer
abrandar e desacalmar
entorpecer e se envaidecer
dizer o que
não se quer fazer
somente por não saber.
17 de julho de 2014
16 de julho de 2014
e é?
é.
foi assim que o diálogo se estabeleceu
nenhuma palavra afetiva, nada surpreendente
ficaram alguns minutos avaliando a situação
deduziram como ia terminar a confusão
que acabara de se estabelecer diante deles
que acabara de se estabelecer diante deles
era aquilo mesmo sem nenhuma explicação
duas pessoas brigando por um motivo banal
e uma rua inteira observando
sondando e cogitando desastres
sondando e cogitando desastres
alguém disse que um deles era policial
que andava armado e que uma morte sairia dalí
que andava armado e que uma morte sairia dalí
foi ai que ela disse
e é?
é.
mesmo que não seja, prosseguiu o diálogo
melhor não ficarmos aqui pra ver
foi então que seguiram pela rua
e em alguns minutos a conversa tomou outro rumo
até hoje conversam, sem palavras afetivas
nada surpreendente.
até hoje conversam, sem palavras afetivas
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